Testes Genéticos para Cannabis: Como Funcionam?

Introdução

Os testes genéticos em geral têm se tornado cada vez mais populares nos últimos anos, oferecendo uma visão única sobre nossa composição genética e possíveis predisposições a certas condições de saúde. Mas como exatamente esses testes funcionam e qual é a base científica por trás deles?

Os testes genéticos são um tipo de exame que analisa o DNA de uma pessoa em busca de variações genéticas específicas. Essas variações podem estar associadas a riscos aumentados de desenvolver certas doenças ou condições, ou podem fornecer informações sobre a resposta individual a medicamentos.

Existem diferentes tipos de testes genéticos disponíveis, sendo os mais comuns os testes de predisposição genética e os testes farmacogenéticos.

Testes de Predisposição Genética

Os testes de predisposição genética são projetados para identificar variações genéticas que podem aumentar o risco de desenvolver determinadas doenças. Esses testes podem ser úteis para pessoas que têm histórico familiar de uma condição específica ou que desejam ter um melhor entendimento de sua saúde geral.

Um exemplo comum de teste de predisposição genética é o teste para a mutação BRCA1 e BRCA2, que está associado a um maior risco de câncer de mama e ovário. Ao fazer esse teste, uma pessoa pode obter informações valiosas sobre seu risco pessoal e tomar medidas preventivas, se necessário.

Testes Farmacogenéticos

Os testes farmacogenéticos são usados ​​para determinar como o corpo de uma pessoa processa certos medicamentos com base em sua composição genética. Esses testes podem ajudar os médicos a personalizar a terapia medicamentosa de acordo com as características genéticas individuais de um paciente, garantindo uma maior eficácia e reduzindo o risco de efeitos colaterais.

Por exemplo, um teste farmacogenético pode revelar se uma pessoa possui uma variação genética que a torna mais suscetível a efeitos colaterais graves de um determinado medicamento. Com essa informação, o médico pode ajustar a dose ou prescrever um medicamento alternativo, garantindo um tratamento mais seguro e eficaz.

Testes genéticos para Cannabis

O tratamento com a cannabis é muito distinto de uma terapia alopática, pois encontrar a dose correta de cannabis para um paciente é desafiador, visto que são inúmeros fatores envolvidos no processo, como peso, idade, estágio e tipo de doença, sensibilidade à cannabis, farmacologia canabinoide, diversas opções de plantas com distintas concentrações de princípios ativos e diversas vias de administração, assim como a genética e o metabolismo individual do paciente. Já existem no Brasil testes que avaliam variantes genéticas individuais do tipo polimorfismos de nucleotídeos únicos (SNPs) envolvidas no sistema endocanabinoide e em outros genes que podem estar associados a efeitos adversos da cannabis no organismo.

A realização desses testes previamente ao uso de cannabis medicinal permite que o médico prescreva a cannabis de uma forma muito mais segura, individualizada e personalizada ao paciente, reduzindo drasticamente o risco de vício e sintomas indesejados após o uso, além de promover mais segurança e eficácia terapêutica na escolha do produto de cannabis que será utilizado. A personalização da medicina com aplicação de testes genéticos preditivos já é uma realidade e deve ser utilizada como uma importante ferramenta aos pacientes que têm indicação do uso da cannabis terapêutica, melhorando consideravelmente a aderência ao tratamento.

Porque devemos fazer testes genéticos para usar Cannabis Medicinal?

O teste genético identifica tendência à obesidade, à dependência química e o metabolismo para CBD e THC. É uma excelente ferramenta para apoiar a análise e a decisão da prescrição médica, desde a composição até a dose da medicação que cada paciente deve utilizar. Leva em consideração que cada indivíduo tem um sistema endocanabinóide personalizado, responsável por fazer a comunicação entre o cérebro e os processos cognitivos e fisiológicos do organismo, como a fome, o humor, a memória e o estresse.

Há bilhões de neurônios (células cerebrais) que compõem o sistema endocanabinoide. Muitos deles estão contidos em seu cérebro. Quando você usa cannabis, as substâncias químicas exclusivas encontradas na planta (conhecidas como canabinoides) interagem com esses neurônios e os fazem “disparar”.

Embora ninguém saiba como os processos físicos podem causar sensações subjetivas, sabemos que esse “disparo” é o que faz com que você fique “chapado”. A arquitetura exclusiva do seu sistema endocanabinoide é o motivo pelo qual pessoas diferentes obtêm sensações diferentes com a mesma cepa.

Muitos não percebem, mas você também tem neurônios em todo o seu corpo! Isso significa que o mesmo sistema endocanabinoide que o deixa chapado é responsável por afetar seu corpo também. Se você já ficou “travado no sofá”, é porque a variedade de cannabis que você ingeriu interagiu fortemente com o sistema endocanabinoide do seu corpo.

Assim como no cérebro, a arquitetura do sistema endocanabinoide do seu corpo determinará como os canabinoides interagem com ele – fazendo a diferença entre o relaxamento e a tensão muscular.

Felizmente, seu DNA pode nos dizer muito sobre você e seu sistema endocanabinoide. Seus genes também têm a chave para sua saúde e como ela pode mudar no futuro.

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