Canabidiol Vicia?

A cannabis e seus derivados têm sido objeto de debate e pesquisa por muitos anos. Um dos principais pontos de discussão é se essas substâncias podem levar à dependência e vício. Neste artigo, vamos explorar os estudos mais recentes sobre os riscos de adição aos derivados de cannabis e se realmente a cannabis vicia.

Antes de mergulharmos nos estudos, é importante entender o que significa dependência e vício. A dependência é caracterizada por uma necessidade física ou psicológica de consumir uma substância, enquanto o vício é um padrão de comportamento compulsivo e prejudicial associado ao seu uso contínuo.

Várias teorias sobre o vício em cannabis foram formuladas nos últimos anos, mais notavelmente, a vilanização da cannabis como uma “droga de entrada” que predispõe um indivíduo a se tornar um usuário habitual de substâncias “mais pesadas”.

Pesquisas nesta área consideraram os efeitos da cannabis tanto nos substratos neurais via receptores canabinóides quanto nos mecanismos de aprendizagem que são comuns a todos os comportamentos de busca de recompensas.

Embora seja verdade que a maioria dos usuários regulares de cannabis não desenvolve padrões de uso viciantes, as tendências epidemiológicas recentes sugerem que um número crescente de indivíduos está vivendo com algum tipo de transtorno.

Na verdade, 10% dos indivíduos que já usaram cannabis atendem aos critérios para a dependência vitalícia da cannabis.

Acredita-se que 50% a 60% da variância nos transtornos do uso de cannabis está ligada a um efeito genético viciante.

Uma meta-análise que comparou indivíduos que atendem aos critérios do DSM-IV para dependência de cannabis a controles expostos à cannabis encontrou um conjunto de SNPs no cromossomo 10 que estava associado a uma vulnerabilidade à dependência de cannabis em indivíduos de ascendência europeia.

Este trabalho, embora preliminar, representa um passo para identificar fatores de risco associados à dependência da cannabis e pode ajudar a identificar indivíduos vulneráveis.

A importância de entender a etiologia genética da dependência da cannabis e reconhecer indivíduos em risco é ressaltada pelas descobertas recentes de que a prevalência do transtorno pelo uso da cannabis aumenta com o tempo, já que o início do uso é maior em indivíduos de 12 a 17 anos em comparação com aqueles de 18 a 25 anos.

Esta área de pesquisa também pode representar um interesse especial, dadas as evidências de que as mudanças na expressão gênica induzidas pelos canabinóides podem persistir nas gerações subsequentes por meio de alterações do epigenoma.

Dado que o conhecimento atual sobre dependência ou dependência de cannabis é limitado, faltam opções terapêuticas para o transtorno.

Como é sabido a partir de um extenso estudo da dependência de álcool e tabaco, o sucesso da intervenção em indivíduos com dependência de substâncias depende de uma função emocional e cognitiva intacta.

Atualmente, há preocupação na literatura de que o uso crônico de cannabis possa resultar em deficiências cognitivas duradouras decorrentes do processamento alterado em regiões cerebrais, como a rede pré-frontal-límbica.

Os estudos desses efeitos estão limitados à abstinência de curto prazo do uso de cannabis, o que torna pouco incerto quais deficiências funcionais se recuperam e quais persistem durante fases prolongadas de abstinência.

Um estudo recente sobre os efeitos do uso crônico de cannabis, em usuários dependentes de cannabis, no processamento emocional após períodos prolongados (> 28 dias) de abstinência, demonstrou maior resposta a estímulos emocionais negativos em usuários dependentes de cannabis.

O processamento de estímulos positivos foi semelhante em usuários e controles de cannabis. Esses resultados sugerem que o uso crônico de cannabis pode resultar em mudanças viciantes que causam modificações persistentes no processamento emocional.

Um estudo publicado no Journal of Addiction Medicine analisou os efeitos da cannabis em mais de 1.000 participantes ao longo de um período de dez anos. Os resultados mostraram que apenas uma pequena porcentagem dos usuários desenvolveu dependência ou vício em cannabis. Além disso, o estudo descobriu que fatores genéticos desempenham um papel importante na predisposição à dependência de cannabis.

Essa descoberta levou ao desenvolvimento de testes genéticos que podem identificar o risco de dependência de cannabis em indivíduos. Esses testes analisam variações genéticas específicas que estão associadas a um maior risco de desenvolver dependência. No entanto, é importante ressaltar que esses testes não são definitivos e não podem prever com certeza se alguém se tornará dependente de cannabis.

Outro estudo publicado na revista Addiction Biology investigou os efeitos da cannabis em gêmeos idênticos e não idênticos. Os resultados mostraram que a genética desempenha um papel significativo na suscetibilidade à dependência de cannabis. No entanto, o estudo também destacou a importância do ambiente e dos fatores sociais na determinação do risco de adição.

Embora os estudos mostrem que a dependência de cannabis é possível em uma pequena porcentagem de usuários e que fatores genéticos desempenham um papel importante, é crucial enfatizar que o uso responsável e moderado de cannabis não necessariamente leva à dependência. A maioria dos usuários recreativos de cannabis não desenvolve problemas de dependência ou vício.

Além disso, é importante considerar que a dependência de cannabis pode ser tratada e superada. Existem programas de tratamento e suporte disponíveis para aqueles que desejam parar de usar cannabis ou reduzir seu consumo. A terapia cognitivo-comportamental e a terapia de grupo são opções eficazes para ajudar os indivíduos a superar a dependência de cannabis.

Estudos mais recentes sobre os riscos de adição aos derivados de cannabis mostram que a dependência é possível, mas afeta apenas uma pequena porcentagem de usuários. Fatores genéticos desempenham um papel importante na predisposição à dependência, mas o ambiente e os fatores sociais também são relevantes.

Testes genéticos para verificar possibilidade de adição

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